quarta-feira, 1 de julho de 2020

Antifrágil de Nassim Nicholas Taleb

Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos | Taleb
Você tem que usar o caos e não fugir dele! O antifrágil é algo/alguém que cresce e prospera quando é exposto à volatilidade, ao acaso, à desordem, ao conflito e aos agentes estressores. Ele é um apreciador, um verdadeiro amante da aventura, do risco e da incerteza. Esta é a ideia desenvolvida e elegantemente apresenta por Nassim Nicholas Taleb em seu livro.
O ponto alto do antifrágil, na minha humilde opinião, é o Livro II: A modernidade e a negação da antifragilidade. Nele apresenta-se a competição do homem com a natureza, o desejo de volatilidade de alguns sistemas antifrágeis, e, a melhor parte, como podemos tornar os sistemas sociais, políticos e outros... vulneráveis aos Cisnes Negros (procure o livro homônimo do mesmo autor se você não sabe o que é um cisne negro) quando os engessamos em demasia. É muito importante aprender as situações e os elementos envolvidos na fragilização dos sistemas para, então, evitá-los!
Taleb também observa que oportunistas estão se ocupando de prever os cisnes negros com modelos complicados, oriundos das teorias do caos, da complexidade, da catástrofe e da geometria fractal. Conheço algumas das teorias e, infelizmente, elas não podem criar modelos que possam prever um cisne negro, já que, pela própria definição do termo, é simplesmente imprevisível. Além, deve-se concordar com o professor Taleb quando ele afirma: menos é mais; voltemos para a (anti)fragilidade. A partir daí, os cisnes negros deixam de ser um problema tão grande. Afinal, é possível tornar as vantagens e desvantagens cada vez mais, positivamente, assimétricas, ou seja, aumentar as vantagens e diminuir as desvantagens é a forma mais pura de antifragilidade.
O ponto baixo do livro está nos comentários elaborados contra a Summa Theologiae de São Tomás de Aquino. O escolástico medieval nos ensinou que "agen autem non movet nisi ex intentione finis", ou seja, "tudo que se move quer alcançar um objetivo". Para o professor Taleb esta é "a instância na qual reside o erro humano mais difundido agravado por dois ou mais séculos da ilusão do entendimento científico incondicional. Esse erro é o mais fragilizador." que pode ser rebatido pelos argumentos apresentados por Edward Feser no seu livro, A última superstição.
Feser argumenta que apesar das evidências das causas finais, os pensadores modernos as negam! Feser continua e nos informa que para Aristóteles existem quatro causas: I. causa material - substrato da coisa; II. causa formal - forma, estrutura ou molde da matéria; III. causa eficiente - o que atualiza uma potencialidade da coisa; e IV. causa final - fim objetivo ou propósito de uma coisa. Este pensamento moderno - a negação das causas finais - é, para o professor Feser, o principal responsável por todo tipo de paradoxo e incoerência observáveis atualmente. É importantíssimo termos em mente o seguinte, tanto Aristóteles quanto seus sucessores, os escolásticos, incluindo São Tomás, utilizavam um tipo de argumento racional diferente do científico (aqui entende-se a ciência empírica moderna), um tipo mais amplo que incluía a metafísica.
Apesar de passar longe de concordar que a responsabilidade do "entendimento científico incondicional" seja do São Tomás de Aquino, concordo que esta ilusão existe, principalmente nos cérebros altamente dependentes de domínio. Gostei muito do antifrágil e, por isto, continuarei a ler o que o professor Taleb escreve, mesmo quando Incerto.